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domingo, 22 de janeiro de 2017

Quebra-cabeça

Ventava na primeira tarde
Que passamos juntos
E o vento desmontou o quebra-cabeça
De uma página de um livro infantil

Não me recordo de fato
Se quando montávamos as peças
Nossas mãos se tocaram
Mas tu tocastes meu coração

Perdoa-me, se deixei o vento
Levar minhas palavras naquele dia
Perdoa-me, se deixei com o tempo
De procurar-te naquela praça

Nos dias em que não nos vimos
Tornei-me um quebra-cabeça incompleto
Das mil peças, faltava teu olhar
Faltava também parte do sorriso

O amor é um quebra-cabeça
E eu demoro a encontrar
A peça que completa
Todo o sentido da minha vida

domingo, 14 de agosto de 2016

Ciência Exata

Se as ciências humanas... 
Fossem ciências exatas:
Eu criaria uma fórmula
Para te conquistar.

Não lhe pediria nada, nunca!
Seria tudo calculado:
-O número do teu telefone;
-O número da tua casa;
-A hora do primeiro beijo.

No segundo calculado do beijo
Cronometraria-o secretamente
E provavelmente por distração
Esqueceria de parar o cronômetro

-E o tempo cronometrado?
-Que desastre seria!
Tão indeterminado e imprevisível
Que só as humanas podem explicar!

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Em Meus Olhos

" -O que é isto
Escorrendo pelos teus olhos
Rompendo os laços
De tua esperança?"

"-São minhas lágrimas
Poucas gotas de água
E infinitos oceanos de saudade!

Poucas gotas de ti,
Que és água.
Infinitos oceanos de mim,
Que sou todo saudade.

Um dia virei correndo,
Sentir teu gosto,
Ter-te em meus braços
E levar-te à minha boca.

Verás, então, algo escorrendo
Pelos meus olhos
Recompondo os laços
Da minha esperança.

Serão minhas lágrimas,
Poucas gotas de água
E infinitos oceanos de felicidade!"

O Mendigo Debaixo desta Ponte

Debaixo desta ponte vive um mendigo
E a sociedade não o enxerga.
Não veem seu rosto sujo
Nem percebem sua solidão.

Na verdade, ele não sente muita solidão
Mas sente muita sede e muita fome
De vez em quando lhe dão água
De vez em quando lhe dão comida
Querem tirá-lo dessa situação
Porém não sabem como.

Debaixo deste céu viverá uma sociedade
Em que todos nós seremos mendigos
Não nos veremos mais nos espelhos
E a poluição será o nosso rosto sujo.

Haverá solidão, mas ninguém a sentirá
Existirá algo mais forte para sentir
Sentiremos sede e veremos rios secos
Sentiremos fome e veremos o solo poluído

Sobre o asfalto e o concreto
Nossos alimentos transgênicos
Já não crescerão mais.
E sentiremos fome.

De vez em quando Deus fará chover
Sobre esse solo preto e cinza
Que não deixa a água escoar
E nos afogaremos no que antes faltava

Debaixo deste céu
Deus quer tirar-nos dessa situação
Porém já não sabe como.

Made in Liberato

O pessoal da eletrônica
Escreveu um algoritmo
Verdadeira poesia escrita
Em linguagem de programação

Na química descobriram
A composição perfeita
Dos versos compostos
Neste poema

Lá na mecânica
Limaram letra por letra
Para melhorar o acabamento
Das palavras não polidas

E a galera da eletro
Transmitiu, distribuiu
E transformou a ideia
Na iluminada literatura

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Meu solo amado

Neste solo sobre o qual
Crescem minhas raízes
Tu vens e dizes
Não há outro igual

A terra em que vivo
Deixa a alma encantada
Parece pintura emoldurada
Em meio ao perdido

Só de verdes, há um colorido
E o que não for verde é água
Não há rancor nem mágoa
Nem sentimento dolorido

Veremos o paraíso após ter morrido
Mas, antes disso, o vemos aqui
Perdido no interior de Ivoti
Onde só de verdes, há um colorido

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Eu abajur

Eu, abajur.
Era sábado à tarde,
Meus pais disseram que iriamos sair.
Que iriamos para uma discoteca, danceteria…
Imaginei uma festa “estilo anos 80” com as músicas da época
Na verdade era uma balada normal na qual minha irmã mais nova queria ir
Meus pais deixariam ela ir, mas queriam ir também para o tal do baile e me levar junto.
Eu achei a ideia péssima.
Mas tive que ir.
Porque meu pais não tem:
C
O
N
F
I
A
N
Ç
A
Na minha irmã.

Lá na festa nem beber eu pude. Não arredondaram 17 anos, 11 meses e 3 semanas para 18 anos. Fiquei parado feito um abajur, fazendo apenas parte da decoração. Chega uma hora que os passarinhos crescem e querem voar. O tempo passa e minha irmã, passarinho. Em meio à tantos desconhecidos, do nada, eis que surge um amigo. Ele parece não ter me reconhecido. É aí que me lembrei. Minha irmã, passarinho. Mas eu, abajur! Sendo apenas mais um enfeite em meio à decoração.